A incorporação do feto

Primeiro ele alojou-se, minúsculo, dentro de mim. Ainda não o sentia e tomava decisões sobre a minha vida sem levar em consideração a sua existência.
Depois ele enviava-me mensagens que eram flechas a fazer ricochete. Não o ouvia e perguntava-me: “Porque é que acabei de comer agora um chocolate inteiro?”, “Que irritação! Terei motivos para o esganar ou será tensão pré-menstrual?”
Depois descobri a sua existência e estranhei. Pensei, pensei. E sentia-o por vezes como um intruso a crescer dentro de mim.
Depois, lentamente, fui-o incorporando. À medida que o meu corpo o agarrava, que a placenta se prendia ao útero, a minha mente prendia-o à minha alma.
E agora ele é um prolongamento de mim.
Como poderei um dia solta-lo?

Comentários

Mamã Carla disse…
Olá , parabéns pela tua gravidez que corra tudo bem.
Beijinhos para todos .

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