Post Scriptum - amamentação


Pensando em todas as pré-mamãs que vêm aqui parar e nas amigas que têm engravidado ou que pensam engravidar, tenho pensado, ao longo destes oito meses que passaram desde que a Júlia nasceu, em partilhar a minha experiência. Há vários temas que tentarei com tempo abordar aqui, assim os curtos sonos da miúda mo permitam...

Amamentação
É o primeiro tema por ser, para mim, o mais importante. Sempre pensei que, se um dia tivesse um filho gostaria de amamentar, se tivesse leite. Penso que este sentimento é partilhado pela maioria das mulheres que engravidam. O que poucas sabem é que (quase) não existe isso de não ter leite. Primeiro há que pensar: quero ou não quero amamentar?
E, se se quer, há que procurar saber como. Pois tudo depende da segurança e persistência com que se encara a questão. Primeiro grande conselho, se gostariam de amamentar: LEIAM ESTE LIVRO, está lá tudo.


Devo à sua leitura o facto de ter uma bebé de 8 meses que continua a ser amamentada.
Há outro, do mesmo autor e sobre o mesmo tema, à venda neste site:
SOS Amamentação
Essa instituição tem uma linha telefónica que funciona 24 horas por dia e que, tenho ouvido dizer, presta um excelente serviço de apoio às mães que querem amamentar.
Também poderão encontrar excelente informação aqui.
É que apesar de amamentar ser natural não é naturalmente fácil, ou pelo menos não o é na grande maioria dos casos. Má posição do bebé, mamilos gretados, ingurgitamento mamário,pensar que leite é insuficiente… Estes são apenas alguns dos problemas que levam as pessoas a desistir…
Na verdade, basta pensarmos que a invenção do leite adaptado é muito recente e que até aí todos os bebés eram amamentados. E como não havia alternativa, mesmo quando as coisas corriam mal, aquilo que as pessoas faziam eram insistir, insistir, insistir. E como quando mais se estimula mais leite se produz, todas as mulheres tinham leite e todos os bebés eram amamentados, alguns em exclusivo até 1 ano de idade!
Com a invenção do leite adaptado e um certa ignorância acerca das suas desvantagens, a geração das nossas mães deixou de amamentar. Há que lembrar que a geração dos nossos pais é muitas vezes uma geração de migradores. Encontravam-se longe das suas comunidades de origem, longe das suas mães, tias e avós. E dessa forma não tinham o apoio dessas mães experientes acerca de como posicionar o bebé, frequência das tomas, formas de evitar as gretas, aumentar a produção de leite… E foi assim que grande parte da nossa geração se criou a leite da farmácia. E dirão vocês: “e estamos aqui, não estamos?” Estamos. Por exemplo, com o maior índice de alergias de todos os tempos…
Poderia estar horas a falar disto. Mas tudo isto e muito mais e melhor diz o amigo González no livro que acima vos recomendo. É a minha Biblia da amamentação, uma espécie de livro de cabeceira que consulto inúmeras vezes, sempre que surgem dúvidas e inseguranças. E surgem muitas vezes…
Agora, a minha experiência e... Desculpem a presunção, aqui vai:
Porque é que eu faço questão de amamentar?
- porque acredito que é o alimento mais equilibrado e completo;
- porque acredito mais em milhões de anos de evolução biológica do que em centenas de evolução científica;
- porque acredito que não causa problemas digestivos, nem intestinais no frágil bebé;
- porque acredito que ajuda a proteger o bebé de doenças infecciosas (ao nascer e à medida que vai crescendo, em especial quando entra para o infantário, com seis meses, com um ano, com um ano e meio, com dois anos…);
- porque acredito que é a refeição mais equilibrada que há para o bebé, primeiro mata a sede, depois dá a “sustança” que ele precisa e vai também evoluindo ao longo dos meses;
- porque é um enorme prazer, tão doce e tão bom, para mim e para minha Júlia;
- porque é mais prático, a qualquer hora, em qualquer lugar, o bebé pede, a mãe dá, e rápido;
- porque acredito que esta rapidez evita ansiedade no bebé que não tem de ficar a chorar de fome enquanto eu (ou o pai) preparo o biberão;
- porque de noite nem tenho de sair de cama, logo eu não desperto, o bebé não desperta e voltamos a adormecer mais rapidamente;
-porque tem todas estas vantagens e não dói desde que se cumpram as regras de ouro relativamente à posição do bebé e frequência das tomas (“barriga contra barriga”, sempre que o bebé pede e pelo tempo que o bebé pede, à descrição, “bar aberto”);
- porque me dá liberdade, vou para qualquer lado, a qualquer hora, com o bebé, uma fralda e a mama, sem ter de levar uma parafernália de tralhas atrás;
- porque gosto e porque acho que a Júlia também gosta. (Não vou dizer que ajuda a criar um maior vínculo afectivo pois acredito que o vínculo se cria de muitíssimas maneiras e esta é apenas mais uma);
- porque, por acreditar nisto tudo, gostaria de continuar a amamentar e sei que, se o quero continuar a fazer, não devo dar leite adaptado pois com isso condeno a amamentação a médio/longo prazo (precisamente porque a produção depende do estímulo).
Repararam na quantidade de vezes que escrevi a palavra “acredito”? Pois é, estou com o tio González, é que a ciência, ao longo da História, sempre demonstrou que vai e vem nas suas conclusões, portanto, para além de bases mais ou menos científicas (que é claro que acredito existirem) há aqui uma questão de profunda convicção. Mesmo que lesse um fabuloso e convincente artigo sobre as vantagens do leite adaptado na nutrição eu não acreditaria. A questão é simples: acredito mais na evolução biológica do que na ciência. Ainda por cima, no nosso caso, que somos uma das mais bem sucedidas espécies do planeta…
Vão-vos dizer
secalhar não tens leite...;
secalhar não tens leite que chegue...;
secahar o teu leite não presta...;
Esqueçam tudo. Encarem essas observações com uma postura antropológica, não se zanguem, são reflexos de um fenómeno recente da nossa história que criou erradas convicções acerca do assunto. Se querem amamentar pensem que basta isso, uns pózinhos de informação, de apoio e muita persistência.
Beijinhos

Comentários

Venus as a boy disse…
Sinto orgulho em ser teu amigo! :)

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